26/07 - "Dia das avós"

No dia das avós, minha singela homenagem a esta minha grande anciã "in memorian"...

"Observo as folhas de eucaliptos caídas ao chão. Elas cobrem parte da guia da rodovia criando um grande tapete com variedade de "verdes".

Sinto o cheiro e sei que estou a chegar para ver minha vó.

Na casa dela um cheiro do café que colheu . Deixou secar, torrou e moeu. Sim, pude ver todo o processo e me encantar com cada etapa, principalmente vendo do verde ao vermelho do fruto, até o marrom do pó.

Ela sempre se alegrava com minha chegada. Tinha sempre um chá especial, conversas, "rezas " e quando a febre e a dor de cabeça chegavam devido à fragilidade de minha garganta, as folhas de mamona faziam sua vez sobre minha testa. Por vezes, me perguntava se funcionaria, mas no final percebia que sim.

Sempre tinha uma erva para resolver algo e os vizinhos a procuravam.

Olhava por vezes para mim à buscar minha alma.

Ah... que ligação tínhamos.

E sempre ao me encontrar dizia que estava com "quebranto". E aí vinha o benzimento.

Em uma das mãos a arruda ou outra erva e na fala com o "sopro" as palavras se produziam numa reza, como um mantra ou uma canção que não entendia.

Percebia então o bem estar ao terminar.

E ela... Ah... sempre terminava bocejando e dizendo o quanto estava carregada.

A dureza do seu jeito, era diferente da maciez do seu coração.

Nos dias Santos a procissão e algumas receitas ancestrais a base de Coco, banana verde e peixe se faziam presentes.

Daquilo que a infância traz de recordação, seu sorriso e sua voz acalentam minhas raízes e coração.